quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

sobre o trabalho

ele, infante


O cara me perguntou, Lelê tô desempregado, tem alguma coisa aê? E eu disse, rapaz, a coisa tá tão feia que até celular tá procurando serviço.

Mas tem trampo por aí, cargo: pentear macaco, pintar listras em zebra, desenhar asa de borboleta, fazer chapinha em leão, catar piolho de cobra, pintar unha de onça braba, desentupir cu de elefante, aparar bigode de ariranha, doar sangue pra morcego e escovar dente de tubarão.

Mas não, fulano quer ser funcionário público, ficar lááá... tirando xerox, lixando a unha e falando no msn. Amolecendo a bunda, engordando a pança e parasitando o estado!


Lelê Teles, Brasília

hannah

pra hannah

Se um dia eu te convidar pra beber, te convidarei pra bebê, pra ninar, pra fazer carinho e cafuné.

Na hora que te convidar pra comer, vai ser pra fazer bebê, pra fazer morder, para despetalar.

Se te convidar pra caminhar, será pra correr, pra gente se esconder, ver a lua sumir e o sol nascer.

Quando eu te convidar pra morrer, vai ser pra desfalecer, pra tantriar, pra te comer!

Lelê Teles

toca let's lynch the landlord


Se o DJ é bom, toca dead kennedy's

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

poesia em 10 cordas, dudu maia



Adoro a poesia que Dudu Maia extrai de seu bamdolim.

très jolie

angelina c'est très jolie


O nariz foi feito pra segurar os óculos
e os lábios pra soltar os ósculos


Lelê Teles

tanta coisa a gente quer ser na vida

hoanna


Sabe como é...
Meu irmão quer ser moça.
Minha irmã: tirar foto, tirar roupa.
Eu só queria ser a piteira de um narguilé,
ou qualquer outra coisa que te beijasse a boca.

Lelê Teles

agora somos três


A primeira dançava leve em meus pensamentos
Desde há muito
Eu a imaginava em imagem vulva
Sêmem ava um poema em seu corpo
E acordava porejando suores, balbuciando beijos

Arredia e entregue, deliciosamente plena de malícia
Seus olhos e olhares imantavam-me em encantos
Defloravam-me em carícias


Ela é como uma santa impudente
Ígnea como um raio indecente
Meu jardim de delícias
A outra é uma deusa egípcia

Dança também em leves rodopios
No caleidoscópio de meus encantos

O ventre agarra-me como grilhões
Os olhos fulminam-me vadios
O sorriso me lava em prantos
Com elas me elevo cantante
Elas me levam galantes
Juntos somos três amantes


Como um Adão e duas Evas
Desnudos na mata perdida
Juntos somos o pecado
Eu, Nefertari e Brida
Lelê Teles, Brasília


gorete y el ojo de dios


el brillo fluorescente de esa estrella es consecuencia de la expulsión de los gases desde el centro. Esa es la rarísima Nebulosa de la Hélice, creada al final de la vida de una estrella. Solo se la puede ver cada 3,000 años.

gorete está a mi lado, mirando el imagen en un planetario. Sus ojos preguntan, pero mismo que sus labios sepan la respuesta no tienen, ahorita, ganas de decirla. Mi espíritu se aleja de mi cuerpo volando plúmbeo y flátulo, pesado y levísimo.


desde aquí, yo veo una miríada de imágenes e imagino sus sonidos, sus olores, sus sensaciones. Gorete, siempre interrogativa y deísta, mira El Ojo de Dios y se siente una venturosa chica elegida por la Providencia; a mi me parece bien que así le sea, a veces tengo ganas de sentir lo mismo que siente Gorete en algunas ocasiones, su creencia amplifica su placer, su deleite; yo, por mi lado, tengo siempre que racionar lo que siento, haciendo con que la cosa sea una mala onda, sin una plenitud!


intento una ves más mirar El Ojo de Dios, aunque no lo consigo, pero si miro los ojos de Gorete es como se contemplase todas las elucubraciones de las teologías; Gorete es una miríada de emanaciones divinas, aun que ella no lo sepa.

Lelê Teles, Brasília

camilinha, como uma coppelia


minha queridíssima Camilinha


O sorriso dela socorre a linda gota de prazer que lhe escorre. Lejos, se muestra como se fuera una muñequita, una Coppelia. Cerca, abre-se como pétala; como leve pluma, levita; como se negasse o peso que a gravidade lhe dá ao corpo esbelto: uma pluma plúmbea!


Com os mesmos olhos que Franz mirava Coppelia eu via Camila: sua imobilidade movia tudo o que era vivo ao redor, movendo-se tudo parava. Meus pensamentos saltam, impulsionados por um demi-plié, a onírica mola de sonhos que me eleva e me leva a ela, e assim encontro minha entropia. Uma miríade de sensações palpitam corpo adentro.


Agora mesmo a vejo na varanda. Nossos olhares bailam num pas-de-deux de sorrisos. Hoje tenho uma caixinha dentro do coração. Nela, uma bailarina rodopia frente ao espelho, acompanhada por doces melodias que flutuam como bolhas de poemas ao ar. Com a graça das ninfas-nuas. Como a linda imagem de Camilinha a caminhar em nuvens.

Lelê Teles, Brasília

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

pangrafismo

Homenagem à arte pangráfica de Luiza Gunther

O alimento pangráfico mata a fome das bocas d'alma, o elemento pangráfico se arvora numa voraz investida contra os vestais, os falsos pigmentos estéticos, os pseudo dizeres eufêmicos. O ser pangráfico é livre e não tergiversa, não retrocede, sua pulsão é de vida, sua pulsação é vivida por aqueles que compartilham o existir libertário. O pangrafismo é um elemento oriundo do corpo de Gaia, acompanha a onda votiva dos astros, o holomovimento, a holopraxis, a dança entrópica do caos!
Pangrafismos são formas de palavrear imagens e imaginar expressões por meio das imagens-palavras. É uma mixórdia, uma miscelânea, uma mistura de elementos visuais imaginários, na criação de uma imagética real, num desdobramento lúdico e lírico; lépidas palavras desafiam a inércia e a alienação; pangrafismo é uma pulsão revolucionária, é o dínamo das vozes incorformadas, lenitivo dos que buscam os antípodas, atilho dos rebeldes, emético dos punx, dos junx, dos blax...

Lelê Teles, Brasília


quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Fuleiragens aforísticas

Pescador, Tarsila

Fuleiragnes Aforísticas Políticas

O escroque, influenciado por políticos, se põe a pensar:

Ora, se até o Celso Pitta, eu também quero pitar.

Fuleiragens Aforísticas Existenciais
Razão para os homens e ração para os animais.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

sepultura

sem legenda!

poema para os pássaros e para os peixes

minha priminha, Mari



O Pássaro não sabe se voa ou se nada; o pássaro não sabe de nada. Os peixes não distinguem se voam ou se nadam. Analisando friamente os movimentos são os mesmos, o uso de asas-nadadeiras, o aproveitamento de correntes (de ar e de água) e a limitação ao pélago. Estes seres pelágicos, que flutuam no corpo da água ou no corpo do ar simplesmente se movem, ou melhor, o movimento é que se movimenta neles, como quis Pessoa. O avião e o submarino, ave-peixe artificial, também não tem consciência se voa ou se nada. Mas é certo que quando choram, os peixes choram lágrimas transparentes. Morcego não é pássaro, baleia não é peixe, golfinho não é peixe. É certo que uma ave-maria, um ave-césar não passarão. A diferença do aquário para a gaiola evidentemente é a água. Engaiolados, os pássaros cantam uma música triste. Aquarianos, os peixes choram.



Quando a gente acende a luz, pra onde vai a escuridão?




Lelê Teles, Brasília

e ela é tão linda

a linda Magdalena Smorczewska


A gente se conheceu por telefone. Eu esperava uma ligação no orelhão, de repente ela chegou pra ligar. Enquanto procurava o cartão na bolsa eu liguei pro orelhão e ela atendeu. Oi, eu disse. Hola, respondeu ela. Conoces el olor del rocío?, eu perguntei. Si, me queman los ojos escucharlo, ela falou com uma voz que me lembrava uma foto feita pelo Hubble: o nascimento de uma estrela. Escrevi meu nome numa pétala de rosa e dei pra ela. Ela sorriu e me disse que tinha meu nome tatuado no seu coração.



Dali fomos tomar banho de chuva. A nudez mais feliz que já vi banhar. Ela é da Polônia e tem uma singular elegância que não existe na sintaxe do caminhar das eslavas. Eu tive vontade de entrar no vestido dela e despir a sua alma. Tudo o que ela chorava sorria. Ora falávamos em espanhol, ora em francês. E os nossos olhos e olhares falavam numa linguagem que só o vento não conhece, porque o vento só conhece o movimento, e os nossos olhos se imantavam, vidrados.



Teci uma cachoeira com as lágrimas que sorriam em seu rosto e dei a ela de presente, assim como o sol dá luz ao mundo todo. Ela viu quanto interesse havia nesse meu gesto desinteressado. Falamos das florestas que temos dentro de nós, do efeito estufa e do calor que sentíamos subir pela nossa espinha dorsal quando nossas mãos se abraçavam. E também do degelo glacial que nos liquefazia. Falamos das queimadas que nos esfumaçam de paixão. Do tesão que é romper a sua camada de ozônio. Das neuroses de nossos neurônios, das Tsunamis.



Demos um beijinho de borboleta, o rímel dos cílios dela ciciaram nos meus mamilos. Depois um beijinho de esquimó. Eu me acolhi no seu iglu, uma luva de vulva. Depois um beijo de peixinhos. As escamas despidas nas camas... Enquanto eu lhe contava sobre o tantra ela me cantava um mantra, e acordados para o amor a gente dormia.



Ela é uma das criaturas mais lindas que brotaram no meu jardim. Todas as primaveras a gente poliniza. Ela me disse que Copérnico não propôs uma teoria científica, mas apenas compôs um poema, Galileu é que extraiu do poema o cálculo heliocêntrico e justamente por isso o mundo ficou mais bonito. Disse que Newton, ao descrever a gravidade, também propunha poesia. Até hoje não apareceu um cientista pra tornar científico o poema que ele fez. Explicar, por exemplo, o que é a gravidade. Isso ninguém explicou e isso seria ciência. A descrição de Newton é apenas um lindo poema, como o lusco-fusco, o crepúsculo, os arrebóis, o céu de Brasília ao entardecer quando o clima tá seco...



Achei tão lindo ouvir isso de uma flor cheia de pétalas. Toda vez que tento colhê-la ela se encolhe e me acolhe, toda vez que tento comê-la ela me escolhe. Eu adoro salada de flores, ela gosta de fotografias. Eu disse a ela que Os Dez Mandamentos foram a primeira fotografia (foton + grafia, a escrita com luz). A segunda foi o falso Santo Sudário, que é também uma foton-grafia. Ela se despetalou e, nua, pediu que eu a fotografasse. Eu a beijei com tanta ternura que até hoje ela tem gravado nos lábios o meu sorriso.



Agora, sempre que tá frio eu visto a minha musa e saio pra tomar banho de lua. Ela mora numa gruta que tenho no coração, todas as noites ela sai pra se banhar na cachoeira do meu pranto. Eu vivo de amor por ela.



Lelê Teles, Brasília.

carnaval, carne levare

OXUM

Carnaval deriva de carne levare
ou
adeus à carne.



ADEUS À CARNE
ou
À DEUSA CARNE

Lelê Teles, Brasília

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Fuleiragens aforísticas II

Bi, leonina

Fuleiragens Aforísticas Úficas
As minhocas são seres intra-terrestres!

fuleiragens aforísticas III

Um dos grandes filhos da puta do século XX


Fuleiragens aforísticas filosóficas
Por que chamá-lo de Prometeu se ele cumpriu?


Fuleiragens aforísticas comunísticas
Na entrada do estádio em Pequim, na olimpíada:

O MAO é BOM

Outdoor em Cuba:
DIOS ES FIDEL!



Fuleiragens aforísticas existencialistas

Nessa vida ou você rebola ou você dança!


Você não bebe porque tem problemas, você tem problemas porque bebe!


No médico, exame de DST:
O doc. me pergunta:
O senhor faz sexo com camisinha?
E eu: não, senhor. Só com mulheres!


Lelê Teles, Brasília.