Num destes conteineres de lixo de Shopping Center, um mendigo encontrou uma fantasia rota de Papai Noel e prontamente trocou-a pelos andrajos que o mal vestia. E saiu assim, esquálido e fétido o nosso Papai Noel miserável.
A roupa de um vermelho desbotado e sujo. As lãs sintéticas que lhe adornavam o colarinho, a aba da gorro e os punhos da blusa estavam encardidas e esfarrapadas. Um enorme rasgo lhe desnudava a bunda. Nas costas, o saco murcho e furado.
O nosso miserável Papai Noel ia caminhando entre os carros, com o olhar magro, o semblante triste de fome, os olhos fundos e o andar claudicante. Descalço, no encalço do que comer, sofejava para os vidros escurecidos e cerrados dos automóveis: - Dá uma moedinha de presente, filho de Deus! Dá uma moedinha de presente, filho de Deus!
Lelê Teles de Brasília