segunda-feira, 26 de abril de 2010

sobre plantas carnívoras e mulheres vegetarianas




Olívia vivia sozinha em seu apartamento.
Era vegetariana e mantinha em um vaso uma planta carnívora.
Elas achavam graça uma da outra.



Lelê Teles, Brasília

sobre os pets


Tia Adélia não gostava de circo com animais.
"Lugar de animal é na natureza, não é totó",
perguntava para o seu cãozinho de pulôver.



Lelê Teles, Brasília

sobre gaiolas


Da gaiola o pássaro gritava por liberdade.
Vovô jurava que o coitado cantava.
Vovô era analfabeto na língua pássara.


Lelê Teles, Brasília

sobre aquários


No aquário o volume de água sempre aumentava.
Foi então que vovó se deu conta que, como nós, os peixes choram lágrimas transparentes.



Lelê Teles, Brasília

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Capítulo 1. Versículo 1

Lili


vem à sombra de minha fronde, amada. deita-te e abriga-te. faz de minhas folhas as vestes de teu corpo, teu lenço e teu lençol. usa minhas raízes como travesseiro. adormece aqui essa noite que o relento é frio, não é como uma brisa suave e morna.



esfrega com sutileza essa semente em teus lábios lânguidos. deixa eu balouçar sobre ti e embalar o teu sono. ao longe vem um vento forte, como se o Ser Supremo tivesse suspirado. ouçamos a voz do vento. encosta-te aqui se te amendrontas.



se tem sede aproxima a tua boca de meu meu caule e sorve, suga a seiva que liquefaz. absorve o meu regalo hídrico. vem abraçar o meu tronco se queres proteção e carinho. acaricia-te em minhas raízes. e se me vens com sede primaveril , se deixar aflorar a tua flâmula, podemos conceber flores e frutos.




Ao amanhecer, põe um balanço aqui, amarra-o neste caule. quero ver o teus cabelos sorrindo ao vento matinal. vem brincar comigo, querida. deixa eu te pegar pelos braços, te fazer sentir os ares. arejemos.


Lelê Teles, Brasília

segunda-feira, 12 de abril de 2010

sialorreia

fonte, deleite

Você sabe o que é sialorreia?

O mascarado ali atrás sabe!