Ontem sonhei com um cadáver que vivia contente com os famintos que não comem bucetas. Como se isso fosse coisa que se comesse. Comé que é coser num novelo de águas, no fundo delas, tecendo um vestido de sereias? Agrupando partículas, escamando moléculas... E no fundo do vale, vida. Flores, fragrâncias, flátulos faunos... Mais ao fundo, uma fada transpondo a fenda; majestosa como um fiorde, como uma falésia que represa brisas. O barco emborca quilha ao céu, no fenômeno que reconstrói ecossistemas.
Tenho um poema de Marla nas mãos. Eles me olham léxicos. Me cumplicificam. Ontem, enquanto sonhava, vi a tatuagem que tenho na alma: era um destes mesmos poemas de Marla, que lexicam e cumplicificam. E nisso de ter uma imagem do poema, destas de que tratam a gestalt, me sinto menos ágrafo, menos astênico, úmido de húmus, como se escorresse em mim a lama que desesteriliza.
Ah, como é bom aMar-la.
--Lelê Teles, Brasília
Nenhum comentário:
Postar um comentário