lena
É verdade que os poetas não acreditam em nada, perguntou-me um senhor, apagando um verso escrito no muro da paróquia. Se me perguntas se poetas em nada crêem, digo em verdade: Os niilistas é que acreditam em nada; niilidades! Poetas não creditam em nada. Mas acreditar, acreditam. Poetas acreditam na sedução das palavras, na redenção dos apócrifos, na solução dos apóstolos, na sedição das malvadas.
Se crêem em Deus? Sim, crêem ao seu modo. Talvez um deus em letra minúscula seja mais crível, um deus sem chibatas, sem chicotes. Acreditam no amor e na paixão.
Sabem que aos povos da América Latina um deus foi-lhes empurrado goela abaixo e vêem, como um poema, a ressurreição das religiões pré-colombianas, como se esses povos, agora, vomitassem esse deus, antes que a Igreja fizesse de cada novo fiel um foie gras, se é que o senhor entende a língua dos poetas!
E também crêem nos profetas, que são os poetas místicos! Se em nada acreditassem, os poetas, ao invés de escrever apagavam!
Lelê Teles, Brasília.
Um comentário:
é isso mesmo! acreditamos em morcegos q gostam de chuva e faíscas outros // a realidade não basta - menos mais-valia & mais versos menores - uma pitada de sortilégios e eis o outro lado do sonho, a outra face do espelho: a flechada certeira do poema inevitavelmente imperfeito, sempre.
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