Quem sabe lá do outro lado, numa margem igualmente rochosa, não estará alguém a mirar a imensidão do oceano e,
quem sabe,
quem sabe,
nesse mesmo instante não estão a se cruzar os seus olhares tântricos, úmidos, hídricos, marejados, netúnicos...
Quem sabe se essas mesmas ondas que vão e vêm
também não migram os pensamentos de ambos, como um correio elegante
náufrago a transmigrar quereres, quimeras, alquímicas formas de desejos
de trevas.
E por falar em desejo, quem sabe se,
em um lampejo,
oh, carne fraca,
não suba uma crista de onda em ressaca e lhe exploda na boca
Lelê Teles
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