quarta-feira, 5 de junho de 2013


tabita era minha aluna. Sinceramente era a mais bela. Pele morena, sorriso lindo, insinuante, escovada, depilada, maquiada, perfumada... Mas ela não tinha consciência disso, ou não tinha segurança. Nunca percebeu que eu a olhava de forma diferente. Porque só percebia que eu a olhava menos, porque me entregava mais aos outros alunos - sobretudo aos que tinham muitas dúvidas.

tabita deveria se perguntar sempre: será que eu não sou bonita aos olhos dele? Será que tem algo em mim que não o agrada? Será que ele não poderia ser simplesmente meu professor e me tratar igual às outras?

não, eu não podia. E essa deveria ser a pergunta que ela deveria ter feito a si mesma. Mas ela estava sempre em competição, não sabia o quanto era especial.

sentava sempre à frente e de saia curta. Sorria sempre e me tirava a atenção. Os alunos percebiam e isso me era desagradável. Até que fui aprendendo a simplesmente percebê-la, sem senti-la. Depois o semestre acabou, era um cursinho pré-vestibular. Hoje, Tabita é universitária. Sempre que a vejo meu coração lateja.
no dia do jogo do Brasil com Gana nos encontramos por acaso, ela era amiga do meu amigo e estávamos os dois na casa dele. Trocamos sorrisos e abraços, depois olhares e impressões. E fomos só nos aproximando.

ao começar o jogo, Tabita sumiu. Passados alguns minutos meu amigo pediu que eu fosse ao quarto dele. Lá chegando encontrei Tabita. Linda, desejável, atraente. Ela me diz: temos coisas pra resolver, temos que conversar. Aí todo mundo grita na sala: gol do Fenômeno, gol do Brasil. Eu saí correndo e gritando. Quando terminou a comemoração procurei Tabita e percebi que ela tinha ido embora. O amigo disse que ela saiu chorando.

tabita chega sempre um pouco antes, ou um pouco depois!

Lelê Teles, Brasília

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