quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

poema para os pássaros e para os peixes



O Pássaro não sabe se voa ou se nada; o pássaro não sabe de nada. 

Os peixes não distinguem se voam ou se nadam. 

Analisando friamente os movimentos são os mesmos, o uso de asas-nadadeiras, o aproveitamento de correntes (de ar e de água) e a limitação ao pélago. 

Estes seres pelágicos, que flutuam no corpo da água ou no corpo do ar simplesmente se movem, ou melhor, o movimento é que se movimenta neles, como quis Pessoa. 

O avião e o submarino, ave-peixe artificial, também não tem consciência se voa ou se nada. Mas é certo que quando choram, os peixes choram lágrimas transparentes. 

Morcego não é pássaro, baleia não é peixe, golfinho não é peixe. É certo que uma ave-maria, um ave-césar não passarão. A diferença do aquário para a gaiola evidentemente é a água. Engaiolados, os pássaros cantam uma música triste. Aquariados, os peixes choram.



Quando a gente acende a luz, pra onde vai a escuridão?

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