quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

carta sem remetente


Foto: Paulo César

Gotas de som compõem uma canção de chuva. Veja meu amor, que as coisas não precisavam ser tão tristes. Mas meu coração aperta até quando danço. Porque você me garantiu que longe era um lugar que não existia e agora aqui tudo é espera e fome.Tudo é sede de alguma voz e de palavras de encontro.É que esse silêncio denso não me explica distâncias... ou talvez seja ele que nos afaste ao ponto de nem haver mais eco.



Sabe meu amor, ontem eu lembrei de você quando a previsão era de tempestades e as temperaturas ainda estavam tão altas.O ar pesado e o calor ofensivo. E havia um poema oco e insônia e falta de abraço.


(Minha poesia anda miserável e minhas cartas sem remetentes).


E quando pensei que pudesse começar a me divertir, todos foram embora da festa: eu fiquei sozinha olhando a desordem.


Sabe meu amor, sobrou apenas o meu copo vazio, taças quebradas e restos que não se aproveita mais. E depois, essas gotas de chuva que pretendem compor nenhuma canção.


Meu amor, se longe é um lugar que não existe como você me explica essa distância?

*


Texto de Marla de Queiroz:
http://www.doidademarluquices.blogspot.com/



Marla é a minha poeta favorita, ela tem estilo, substância, conteúdo, coerência, coesão e precisão. Amo os seus versos e `as vezes eles me cutucam forte o coração, como agora. Tá pra nascer uma poeta que me emocione mais do que ELA.

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