As bátegas rebatiam na vidraça
o frio refreava na varanda
o vento silvava cheio de graça
na orelha dela uma caliandra
no quarto, chovia dentro de mim
na cama, transbordava dentro dela
a chuva de dentro louca pra sair
a chuva de fora escandindo na janela
no canto
a vela velava
no pranto
a vulva votiva se revolvia
no entanto
a sombra dos corpos ardentes bailava
o assombro da cera se derretia
quando finda o fogo
ela hídrica se apaga
quando a vela apaga
eu híbrido me afogo
se a onda afaga
o fogo fica feito fado
se o corpo afunda
o mar de mim fica revolto
se na maré cheia ela grita deita e lambe
no balouçar das vagas venho e volto
Mar exangue
No bailar de amor de mar e de amantes
aderna barco, quilha ao céu
alveja crista, leva a nau
abraça, amor, rasga o véu
releva a dor que não faz mal!
Lelê Teles, Brasília
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