quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

de amor e diamantes


chovia lá fora

As bátegas rebatiam na vidraça

o frio refreava na varanda

o vento silvava cheio de graça

na orelha dela uma caliandra


no quarto, chovia dentro de mim

na cama, transbordava dentro dela

a chuva de dentro louca pra sair

a chuva de fora escandindo na janela

no canto

a vela velava

no pranto

a vulva votiva se revolvia

no entanto

a sombra dos corpos ardentes bailava

o assombro da cera se derretia


quando finda o fogo

ela hídrica se apaga

quando a vela apaga

eu híbrido me afogo


se a onda afaga

o fogo fica feito fado

se o corpo afunda

o mar de mim fica revolto

se na maré cheia ela grita deita e lambe

no balouçar das vagas venho e volto

Mar exangue

No bailar de amor de mar e de amantes


aderna barco, quilha ao céu

alveja crista, leva a nau

abraça, amor, rasga o véu

releva a dor que não faz mal!



Lelê Teles, Brasília

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