A flor, com sua perna espinhosa e saliente, oculta, em sua minisaia de pétalas, a fonte do néctar dos colibris.
Os pássaros volteiam enamorados, os namorados avançam com paixão e sem compaixão, os jardineiros regam.
O beija-flor inicia sua dança erótica, sua corte esvoaçante e leve pluma.
A flor sucula, cicia, soçobra. As pétalas balouçam como barco náufrago, fragata que singra ignota.
A lua espia, o cão ladra, o bêbado canta, e os dois se amam.
Assim se sorvem por toda a madrugada, até que a ave se vai, canora e lírica.
Pela manhã, mimosa flor abre as pétalas ao sol, sonolenta e rota.
Os mais curiosos podem observar:
da perna da flor escorre uma deliciosa e sugestiva gota de orvalho...
Ou de lágrima?
Lelê Teles, Brasília
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