Mariana tem um espírito ignoto, misterioso e insular, como aquelas que vislumbram ao longe os continentes e seus contingentes. Eu sou a península que te adentra o mar e às vezes o mar que te arrebenta em fúria. Orientando a vaga escura que cava a areia branca: indo e voltando, entrando e saindo; engendrando sonhos, gestando delírios e parindo mundo.
"Tu es la vague, moi l'île nue
Tu vas, tu vas et tu viens
Entre mes reins
tu vas et tuviens
entre mes reins
E je te rejoins"
Tu vas, tu vas et tu viens
Entre mes reins
tu vas et tuviens
entre mes reins
E je te rejoins"
Retirou uma pétala do coração e deu-ma de presente. Tirei um verso do peito e fi-lo uma oração: Deusa voluptuosa, ninfa do éter, etérea bacante, lamba-me os olhos para que eu possa sair dessa cegueira e possa enxergar a zona erógena de tua alma. Emudecido estou desde os primeiros dias, mas basta que me salives a boca para que me torne eloquente e agradeça a cada dia com um pequeno beijo em teus grandes lábios, um beijo dos devotos, dos amantes e dos sábios. Decifra-me, dovoro-te, devolvo a ti o fogo que Prometeu roubou dos céus e deu pros seus. Afoga-me em teus hídricos afagos. Rasga teu véu de deusa e veste-se de carne para que eu possa rasgar as tuas vestes. Não, não diga nada, deixa que eu ocupo tua boca opaca, deixa que eu chupo tua língua lassa, deixa que eu seja um animal devasso. Deixa, deixa que eu te amasso.
Lelê Teles, Brasília
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