quarta-feira, 18 de setembro de 2013

estado de graça





Em casa tudo se casa.

Na sala, uma lua branca e nua entrava pela janela, como uma borboleta que passa suave pelos jardins com o seu voo veludo de ave.

Do quarto, ouvia-se o murmúrio infantil da chuva fresca, com aquele friozinho gostoso que penetra as frestas.

O farfalhar das folhas nas árvores, o frufru das cortinas e o pipilar das gotas onomatopaicamente sussurravam.

Do lado de fora, a noite madrugava lírica e inocente. E a mais adulta das inocências madrugava dentro da gente.

Como a lua e a chuva nas janelas eu entrava nela, com a pureza das aves, das borboletas, das chuvas e das luas, e com a adulta inocência das noites que madrugam.

A gente se deitava sobre o outro no sofá e ela tava tão linda com o corpo banhado de lua. Seus cabelos sorriam, seus olhos gozavam, sua boca beijava cada palavra que proferia (seus seios duros em taças) e seu rosto era a beleza em estado puro, em estado de graça!

Lelê Teles

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