quinta-feira, 5 de setembro de 2013

POLINIZAR


vem à sombra de minha fronde, amada. deita-te e abriga-te. faz de minhas folhas as vestes de teu corpo, teu lenço e teu lençol. usa minhas raízes como travesseiro.

adormece aqui essa noite que o relento é frio, não é macio como a brisa suave e morna.

esfrega com sutileza essa semente em teus lábios lânguidos. deixa eu balouçar sobre ti e embalar o teu sono.

ao longe vem um vento forte, como se o Ser Supremo tivesse suspirado. ouçamos a voz do vento.

encosta-te aqui se te amedrontas.

se tem sede aproxima a tua boca de meu meu caule e sorve, suga a seiva que liquefaz. absorve o meu regalo hídrico.

vem abraçar o meu tronco se queres proteção e carinho. acaricia-te em minhas raízes.

e se me vens com sede primaveril, se deixar aflorar a tua flâmula, podemos conceber flores e frutos.

Ao amanhecer, põe um balanço aqui, amarra-o neste caule. quero ver o teus cabelos sorrindo ao vento matinal.

vem brincar comigo, querida. deixa eu te pegar pelos braços, te fazer sentir os ares. arejemos.



Lelê Teles

Um comentário:

Poesia Galvaneana disse...

Amei!
Gostei muito.
Parabéns!
Grande abraço!